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... E O ÔNIBUS FECHOU A PORTA

─ Garota, meu amigo, vi em Viena, num restaurante, uma gata, cara! Quer que lhe diga uma coisa? ─ Sim... ─ Ainda não vi, em Viena ou qualquer outra cidade do mundo, pequena que mais me impressionasse. E olhe que eu sou exigente, heim? Mas aquela me encheu as medidas! E, ao lhe ser apresentado, disse-lhe isto! ─Ah! Você, então, chegou a apresentações, a galanteios mesmo ... ─ Apresentações? Galanteios? Romualdo, meu chapa, posso lhe garantir que eu tenho esta glória ... Bem, mas não precipitemos. Do princípio é que se começa. Estávamos o Cotrim, o Cardoso e eu no tal restaurante. Tínhamos acabado de jantar e estávamos nos preparando para pagar a conta e sair, quando entra a tal pequena acompanhada de uma amiga. ─ Ah! Vinha acompanhada a moça? ─ Sim. Por uma outra a que não prestei atenção, tão absorvido me achava pela primeira, uma loura, de um louro assim ... Estávamos na fila do ônibus, o tal sujeito que contava a história, o amigo que o ouvia e eu que bisbilhotava a conversa. Sol que

PRIMÓRDIOS

Nunca me esqueço dos meus primeiros dias no Serviço Público, quando, em julho de 43, comecei no Arquivo Nacional, na modesta condição de tarefeiro. Ganhava um pró-labore por serviço que prestava à PUC no expediente da tarde, quando, de repente, me chamam ao telefone. Era minha irmã Carmem, professora do Colégio Sacre Coeur, em Copacabana, que me informava ter uma freira de lá arranjado um emprego para mim no Arquivo Nacional, cujo diretor, Dr. Eugênio Vilhena de Moraes, ex-Inspetor Escolar no Colégio, lhe pedira a indicação de mais uma pessoa. Algumas, já indicadas anteriormente, lá prestavam seus serviços. E assim, dois ou três dias depois, estava eu no velho prédio da Praça da República, 26. O Diretor leu o cartão de apresentação que eu levava, não entendeu muito bem e me perguntou: - Então, quando vem a sua irmã? Quase lhe respondo: - Minha irmã não vem. Quem vem sou eu. Aliás, já vim! Mas me limitei a explicar melhor os dizeres do cartão e, no dia seguinte já estava fazendo exame n

BENÇA TIO HAROLDO!

Você provavelmente não sabe, nem nunca ouviu falar nesse tal de Tio Haroldo. E se algum dia, alguém lhe fez dele alguma referência, você com certeza já se esqueceu há muito tempo. Mas comigo não é assim. Guardo nomes e fatos por uma vida inteira, sem me esquecer das pessoas e de episódios a elas ligados. Quem será este Tio Haroldo a quem humildemente peço a bênção logo no início destas linhas? Quem será ele? Irmão de meu pai? De minha mãe? Casado com uma velha tia de segundo grau? Um velhinho amigo da criançada, que através dos anos conquistou este título sem mais nem menos, só na camaradagem e no carinho com a meninada? Nada disto. Nem adianta nem tentar. Não era meu parente nem sequer jamais o vi em toda minha vida. Mas guardo dele a melhor lembrança. Foi quem me deu o primeiro prêmio ligado a atividade cultural. Era o responsável pelo Suplemento Infantil de “O Jornal”, nos saudosos anos da década de 30. Diga-se aliás de passagem nem fui o autor da obra premiada em 9 º lug